sexta-feira, 22 de março de 2013

Daniel e os bichinhos do lixo - As cores do lixo (Livro 1)




Daniel é muito curioso. Mas tanto que a primeira palavra que ele falou foi “por quê” e não “papai” ou “mamãe”.

Quanto mais palavras aprendia, mais coisas Daniel queria saber. Ele perguntava sobre tudo:

- Por que o sol é amarelo?

- Por que o céu é azul?

- Por que as cerejas são vermelhas?

Um dia, os pais do curioso resolveram lhe dar um cachorrinho, assim, enquanto brincavam, o menino e seu novo amigo, iriam descobrindo juntos respostas para muitos “por quês”.   

O cachorrinho recebeu o nome de Sapeca e veja só que coincidênica, ele era tão curioso quanto o dono!
Os dois corriam pela casa toda buscando coisas diferentes para observar e assim Daniel podia usar a sua palavra preferida: por que.

Desde os quatro anos, Daniel levantava cedinho para ver os outros meninos indo para a escola. Sua vontade de ir também e aprender coisas novas era tanta que ele chegava a chorar. Então sua mãe, dona Fátima, o consolava dizendo que um dia ele também iria para escola, mas antes, precisa praticar algo muito importante que já tinha aprendido: escovar os dentes logo que acordava!  

Por causa de tanta curiosidade, Daniel aprendeu muito e quando chegou sua vez de ir para a escola era o menino mais esperto da pequena cidade de Flora do Sul. Uma cidadezinha ao Sul de Montes Verdes, arborizada e com muito sol.

Mas bonita mesmo, a cidade ficava na primavera, quando as flores desabrochavam mostrando um colorido encantador: o branco puro dos lírios, o roxo intenso das violetas, o vermelho vivo das rosas, o azul das hortências, o amarelo feliz das bromélias. Nada era mais belo que Flora do Sul na estação das flores!

Havia também um grande relógio sempre marcando a hora certinha, pois seu Benedito que cuidava da praça nunca deixava de dar corda no velho “Blen Blon” – era assim que as pessoas o chamavam, pois fazia esse som sempre de hora em hora.

Certa vez, enquanto o Blen Blon tocava depois da aula, Daniel ficou muito curioso com uma coisa que passou por ele: um caminhão de lixo. Ele já havia visto muitos, mas aquele tinha algo diferente, de estranho.

Correu pela calçada para ver melhor, quando de repente ficou assustado. Enquanto o caminhão seguia pela rua, porções de lixo de colorido iam caindo para fora dele! Por onde passava o caminhão ia sujando tudo com seu lixo colorido.

Sendo o menino mais curioso do mundo, Daniel aprendeu que para os “por quês” sobre carros as melhores respostas eram dadas por seu vizinho mecânico. Agora se o “por quê” era sobre cavalos, Pedro o veterinário, sabia tudo. Já para os “por quês” sobre coisas que aconteciam na cidade de Flora do Sul, havia alguém com todas as respostas. 

Depois de andar um pouquinho, Daniel bateu palmas na frente de uma casa. Quando a porta se abriu, um homem de cabelos brancos, muito alto e forte sorriu para o garoto e perguntou:

_ Oi, Daniel, como vai? O quê faz aqui? Não faltou na escola, não é?

_ Não, senhor Engenho, não faltei, não.

_ Bom, então, como posso ajudá-lo?

Daniel confiava muito naquele senhor, pois ele era com um cientista da cidade, uma pessoa boa que gostava de fazer experiências e descobrir coisas para ajudar os moradores de Flora do Sul. O garoto então explicou o tinha visto e perguntou ao senhor Engenho se ele tinha ideia do por quê um caminhão jogando lixo colorido pelas ruas.


Primeiro o senhor Engenho achou que Daniel tinha muita imaginação, mas lembrou que ele era um menino muito bom que não brincava com coisas sérias. Decididos, foram os dois procurar o tal caminhão.

Com a ajuda de Daniel, o senhor Engenho achou aquilo que procurava. Ao lado do caminhão, o motorista e o ajudante dele tentavam espantar alguma coisa.

Então, Daniel disse:

_ Olha lá!

Próximo ao caminhão, haviam muitos bichinhos coloridos desconhecidos tanto para o menino quanto para o senhor Engenho. Eles voavam atrás, em volta, na frente, em baixo, em todas as direções junto ao caminhão. Era esses bichinhos coloridos que o motorista e seu ajudante tentavam espantar para longe dali.

Daniel, sempre curioso foi longo perguntando:

_ Por que esses bichinhos coloridos estão aqui em Flora do Sul? Por que aqueles homens estão tentando assustá-los?

O inteligente senhor Engenho logo descobriu uma das respostas que o menino precisava:

_ Daniel, eles estão espantando os bichinhos porque eles tão comendo todo o lixo do caminhão.

_ Mas isso não é bom? – perguntou Daniel. Não vai ter mais lixo por aí!

O amigo de Daniel então mostrou para ele que infelizmente a comilança dos bichinhos tinham efeitos ruins. As criaturinhas comiam sim o lixo, mas conforme iam comendo espanhavam migalhas, quer dizer, porções de lixo colorido por todos os lados. Não que o lixo fosse colorido antes das criaturinhas encostar nele. É que, assim que os bichinhos colocavam suas pequenas bocas nele, o material se coloria e acabava sujando tudo.

Assim que o lixo colorido batia nelas, as copas de algumas árvores deixavam de ser verde tornando-se vermelhas, roxa e até pretas. Já o chão de terra batida marrom ia sendo tingido de azul, violeta, laranja. Toda a natureza estava sendo poluída e colorida de forma errada por causa daqueles bichinhos comedores de lixo.

O senhor Engenho e Daniel precisavam ajudar os homens do caminhão a espantar os bichinhos ou já, já, toda a cidade de Flora do Sul estaria poluída e com suas belas cores da primavera bagunçadas.

Sapeca fazia sua parte: latia sem parar tentando assustar os bichinhos coloridos. Daniel ficou orgulhoso em ver a bravura de seu cachorrinho; pena que seus latidos não estavam funcionando. “Ei” pensou o menino de repente. Tinha um jeito melhor do Sapeca ajudá-los!

O garoto sabia que seu cachorro só tinha quatro patas, mas corria como se tivesse oito; ninguém o pegava numa corrida. Ele fez cinco furinhos num saco preto de lixo; um para a cabeça e quatro para as perninhas e vestiu no Sapeca.

Daí, falou para o amigo:

_ Preciso que você chame a atenção desse bichinhos coloridos, meu amigo.

O esperto Sapeca foi em direção ao caminhão e ficou latindo em volta dele. Ao verem aquele apetitoso saco de lixo pulando e chamando sua atenção, os bichinhos logo foram atraídos e começaram a voar tentando pegar o Sapeca. O cachorrinho saiu em disparada com suas quatro patinhas que valiam por oito.

Depois que cachorrinho sumiu no mato levando os bichinhos comedores de lixo atrás dele, o senhor Engenho e Daniel foram ajudar os homens do caminhão. Juntos, eles conseguiram cobrir a carga de lixo com uma grossa lona. Bem a tempo porque os bichinhos comedores de lixo já tinham desistido de perseguir o Sapeca e voltaram para pegar o quê estava no caminhão que era uma refeição bem mais fácil.

Só que dessa vez, eles não conseguiram. A carga do caminhão estava protegida! Depois de vários minutos tentando sem conseguir, os misteriosos bichinhos coloridos saíram voando e foram embora.

Demorou muitos dias até os funcionários da prefeitura de Flora do Sul conseguissem limpar toda sujeira colorida que os bichinhos comedores de lixo espalharam pela cidade. Ah, sapeca também teve de tomar um belo banho pois enquanto fugia dos bichinhos acabou se sujando.

Também por causa dos acontecimentos, o prefeito pediu para que os caminhões que transportavam material para o depósito de lixo tivesse sua carga coberta para que ninguém atacasse seu lixo; fossem moscas comuns ou aquele estranhos bichinhos coloridos que sujavam tudo. Assim, a aventura acabou trazendo coisas boas para a cidade.

Mas um “por que” não foi respondido: por que esses bichinhos coloridos apareceram em Flora do Sul? O senhor Engenho disse a Daniel que iria viajar pelas cidades da região para ver se descobria a origem dos misteriosos seres que se alimentavam de lixo. Enquanto isso, o menino e Sapeca, sempre que tivessem uma folga da escola ou dos deveres de casa, procurariam pela cidade. O quê ninguém sabia é que, por causa do lixo, muitas aventuras ainda aconteceriam na encantadora Flora do Sul.

FIM

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