
Era a quarta vez que o rapaz lia a frase e nem assim era capaz de recordar-se dela. Durante toda a semana tinha dormido pouco para obter os dados necessários à confecção de um relatório. Como era esperado, tanto esforço teve um resultado paradoxal, ele não estava conseguindo utilizar tais dados para cumprir a tarefa encomendada por seu chefe. Se o cansaço o vencesse estaria na rua. Então, entre uma pescada e outra, um minúsculo ser transparente surgiu a sua frente.
_ Quem é você? – perguntou o rapaz assustado.
_ Sou o gênio da garrafa.
_ Garrafa? Que garrafa?
_ Aquela garrafa ali, oras.
_ Sei. Então eu tenho direito a três pedidos.
_ Gênios de garrafa só concedem um.
_ Que seja; quero que você materialize um relatório para mim.
_ Não posso. Não dá para criar coisas do nada.
_ Como não? Os gênios fazem isso o tempo todo nas histórias.
_ Aqueles são gênios de mentira. Gênios de verdade sabem que as coisas não podem ser criadas a partir do nada.
_ Hã?
_ Nunca ouviu algo do tipo “a energia não pode ser criada nem destruída, só transformada”?
_ Há?
_ Deixa para lá. Quer minha ajuda ou não? – perguntou o irritado ser de fumaça.
_ Você acabou de dizer que não pode fazer meu relatório!
_ Mas eu posso ajudar você a fazê-lo.
_ Como?
_ Usando seu próprio potencial.
_ Não entendi.
_ Certo, eu vou te dar um desconto pelo sono. Posso fazer com que você fique mais atento e que sua fadiga desapareça. Daí você mesmo faz o relatório.
_ Mais isso não é mágica?
_ Claro que não!
_ E como você vai fazer isso?
_ Eu não vou fazer nada, você vai.
_ Então me diga senhor gênio, o que eu preciso fazer para que você possa me ajudar?
_ Beba todo café que está na minha garrafa térmica.
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