sábado, 10 de julho de 2010

O Gênio da Garrafa



Era a quarta vez que o rapaz lia a frase e nem assim era capaz de recordar-se dela. Durante toda a semana tinha dormido pouco para obter os dados necessários à confecção de um relatório. Como era esperado, tanto esforço teve um resultado paradoxal, ele não estava conseguindo utilizar tais dados para cumprir a tarefa encomendada por seu chefe. Se o cansaço o vencesse estaria na rua. Então, entre uma pescada e outra, um minúsculo ser transparente surgiu a sua frente.

_ Quem é você? – perguntou o rapaz assustado.

_ Sou o gênio da garrafa.

_ Garrafa? Que garrafa?

_ Aquela garrafa ali, oras.

_ Sei. Então eu tenho direito a três pedidos.

_ Gênios de garrafa só concedem um.

_ Que seja; quero que você materialize um relatório para mim.

_ Não posso. Não dá para criar coisas do nada.

_ Como não? Os gênios fazem isso o tempo todo nas histórias.

_ Aqueles são gênios de mentira. Gênios de verdade sabem que as coisas não podem ser criadas a partir do nada.

_ Hã?

_ Nunca ouviu algo do tipo “a energia não pode ser criada nem destruída, só transformada”?

_ Há?

_ Deixa para lá. Quer minha ajuda ou não? – perguntou o irritado ser de fumaça.

_ Você acabou de dizer que não pode fazer meu relatório!

_ Mas eu posso ajudar você a fazê-lo.

_ Como?

_ Usando seu próprio potencial.

_ Não entendi.

_ Certo, eu vou te dar um desconto pelo sono. Posso fazer com que você fique mais atento e que sua fadiga desapareça. Daí você mesmo faz o relatório.

_ Mais isso não é mágica?

_ Claro que não!

_ E como você vai fazer isso?

_ Eu não vou fazer nada, você vai.

_ Então me diga senhor gênio, o que eu preciso fazer para que você possa me ajudar?

_ Beba todo café que está na minha garrafa térmica.

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